Tenho 22 anos, beirando 23. Logo-logo 24, 25... 27...
quiçá! Não escrevo diário, tenho receio de mim mesmo. Receio do que escrever
sobre o que desconheço. Eu, eu apenas coleciono vidas inanimadas; réplicas paralisadas
de um eu espetacular que lança timidamente movimentos previsíveis, tais quais
os espectros. Minha gramática é monossilábica: torpe e curta. Não é à toa que me
dirijo a outrem com o artifício da alcunha: Fá, Fê, Si, Rê, Vi. Talvez não
tarde e chegue o dia de recriar a mim mesmo. Hoje, vejo e estou cego, ouço e
estou surdo, falo e estou mudo. Nem mesmo o tato é arrebatador. É, pois,
cênico! Choro aqui e gargalho ali. Embalo-me nas ondas clássicas da mijada midiática.
Ou de qualquer onda. É somente uma onda. É uma enxurrada tsunâmica de imprecisos verbos, absorvidos pelos espelhos
eletrônicos que me custam os olhos e as horas. Fragmentos de projeção sem
glória ou substratos de casca e vento? Desnudo-me e, perplexo, percorro meus
próprios campos investidos de medo e complexos. Antes, vou tomar um gole, ou
melhor, vários goles etílicos capazes de impulsionar minha própria sombra nos
salões da fantasia e das efêmeras alcovas. Esqueço-me que os holofotes também
nos cegam. Revisito-me e não sei por quê! Fato é que comi o pão, bebi a água e
arrotei a energia alheia sugada. Só me resta limpar a boca, amassar o
guardanapo e atirá-lo a esmo?
Padrinho de todos os textos aqui publicados este me agrada muito. Curtinho, mas expressa tantas coisas, nossos atos e receios domados ou mesmo manipulados pelo que nos é praticamente imposto todos os dias, em geral pela mídia, nos impede de mostrar verdadeiramente quem somos e assim vamos nos calando.
ResponderExcluirEntendi bem??
Você escreve maravilhosamente bem padrinho, agora concordo quando minha mãe diz que você deveria escrever e aprovo esta sua ideia do blog, assim você não acrescenta mais deveres diários, ao contrário, te traz uma ferramenta antiestresse.
Parabéns pela iniciativa. Continue postando estes ótimos textos.
Um grande beijo de sua afilhada.
Humberto,
ResponderExcluirnenhuma outra melhor forma de descrever a geração guardanapo!!!
Esse é mais um produto agradável de suas aspirações às quais admiro muito.
Um texto breve para julgar uma juventude que se simplificou e se perdeu em seus valores distorcidos e superficiais. Juventude que se esconde atrás de ações infundadas e fortes cores chapadas, atrativas e confusas de um espetáculo repetitivo, já que a profundidade ou turbidez de sua alma é incapaz de reproduzir um espectro real.
E assim, todos a sua volta, se é que existem de forma sólida, são descartáveis em branco neutro, tão quanto aquilo ao qual se transformaram.
Eu me pergunto o que acontecerá quando enfim os holofotes se apagarem e nos olharmos à luz do dia...qual será nossa imagem à margem de tudo?
Um grande beijo!!!
Priscilla Souto
Querido Humberto,
ResponderExcluirMesmo sabendo do descarte, sem dó, dos "guardanapos", preciso continuar acreditando que vale a pena me doar por inteira.
Bjs, Ana Paula.